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PARQUE DO MUSEU DE BIOLOGIA PROFESSOR MELLO LEITÃO

O parque zoobotânico do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão é constituído por diversas espécies botânicas de ocorrência na Mata Atlântica, viveiros com diferentes animais e edificações históricas.

Antes de abrigar o museu, a área de 80 hectares servia de moradia para a família Ruschi, tempos em que era chamada apenas de Chácara Anitta. Aliás, segundo Augusto Ruschi,“uma bela chácara, cheia de frutas e jardim” adquirida por seu pai, José Ruschi, em 1911, cujos filhos “ajudaram a plantar os eucaliptos”. Algumas dessas árvores centenárias podem ser apreciadas, ainda hoje, no parque do museu.

Em 31 de março de 1947, Augusto recebia a propriedade familiar como doação de sua mãe, Maria Roatti Ruschi, por ocasião da partilha de bens oriunda da morte do pai, José Ruschi. Sete anos mais tarde, a 14 de março de 1954, Augusto inaugurava alguns dos principais atrativos do parque do museu: os pavilhões de botânica florestal e ornitologia e o busto de Cândido de Mello Leitão.

PAVILHÃO DE
BOTÂNICA

Em 19 de dezembro de 1951, o empreiteiro Armando Jorge Zootich foi contratado por Augusto Ruschi para erguer “um prédio de 20 m de frente para a Av. José Ruschi, 40 m de fundo pelo lado esquerdo e 10 m de fundo pelo lado direito, em forma de L, com 4 m de pé direito, tendo um só salão”. Nos planos do naturalista, a edificação se prestaria a uma finalidade “sui generis, uma cousa que interessará não só ao mundo científico, mas aos industriais madeireiros”, já que, dentro dela, estariam “representadas todas as nossas madeiras de lei, cerca de 400 espécies, expostas permanentemente em toros naturais, com a casca original, e de um metro de altura, com o máximo de 2 metros de diâmetro” (Ofício nº 79-4 enviado ao Governador Jones dos Santos Neves, em 21 de abril de 1951).

A construção foi financiada pelo Governo do Espírito Santo, na administração de Jones dos Santos Neves (1951-1955), cujo tio, o médico Graciano dos Santos Neves (1868-1922), ex-governador do estado e ex- diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, foi homenageado emprestando seu nome ao dito pavilhão.

PAVILHÃO DE ORNITOLOGIA

Posteriormente à construção do Pavilhão de Botânica Florestal, foi iniciada a construção do Pavilhão de Ornitologia “Dr. Olivério Mario de Oliveira Pinto”, uma edificação em estilo romano, coberto de telhas, assoalho de peroba, medindo 30 m de comprimento por 10 m de largura e 4 m de altura, batizado em homenagem ao médico e zoólogo paulista considerado o “pai” da ornitologia brasileira, com quem Ruschi manteve uma relação de amizade, admiração e intercâmbio profissional.

As vitrines existentes no interior do Pavilhão de Ornitologia exibem, ainda hoje, animais taxidermizados por Augusto Ruschi, representando especialmente a fauna ornitológica da Mata Atlântica.

AUDITÓRIO AUGUSTO RUSCHI

Esta edificação data de 1985, quando o Museu Mello Leitão já se encontrava sob os cuidados da Fundação Pró-Memória, do MEC. A história por trás de sua fundação carece de registros oficiais que informem as razões e procedimentos envolvidos em sua construção. Até 12 de dezembro de 2018, era a única edificação não nomeada do parque, razão pela qual o Instituto Nacional da Mata Atlântica achou por bem batizá-la com o nome do fundador do Museu Mello Leitão, em homenagem aos 103 anos de seu nascimento.

STAND DE ORQUÍDEAS

Consta que a primeira edificação erigida por Augusto Ruschi no interior da Chácara Anitta, entre 1945 e 1947, teria sido um estande destinado a exibir informações sobre orquídeas. Trata-se do “Stand de Orquídeas Dr. Frederico Carlos Hoehne”, “nosso maior conhecedor das orquídeas brasileiras, depois de Barbosa Rodrigues” (RUSCHI, 1950, p. 3).

Hoehne (1882-1959) começou a carreira de botânico no Museu Nacional do Rio de Janeiro, assumindo depois a gestão de importantes órgãos públicos de São Paulo, voltados para o estudo da botânica, biogeografia, ecologia e proteção da natureza, como o Instituto Botânico de  São Paulo.

Exerceu forte influência sobre o pensamento e as práticas de conservação da natureza de Augusto Ruschi, que foi seu aluno no Museu Nacional em um curso de formação em botânica (1939-1944).

Esta edificação de 4 m de largura, por 4 de comprimento e 3,50 de altura foi construída sob uma base em formato de orquídea, sobre a qual foi incrustrada uma seta em águas marinhas, indicando o “Norte Verdadeiro”.

CASA AUGUSTO RUSCHI

Segundo Ruschi, a casa que lhe serviu de residência e, a partir de 1949, também de sede do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, foi  construída em 1874 por Valentino Perotti e Abramo Zurlo, “sendo uma das mais antigas da cidade de Santa Teresa”. Foi adquirida por José Ruschi em 2 de maio de 1911 e recebida por Augusto em 31 de março de 1947 como doação de sua mãe.

A varanda da casa oitocentista foi convertida por Augusto Ruschi em lugar privilegiado de observação de beija-flores, com suas garrafinhas transparentes sendo diariamente abastecidas com água e açúcar, a fim de atrair as avezinhas. Até hoje, o local é um dos principais pontos de visitação do parque do museu.

BIBLIOTECA

No início dos anos 1960, Augusto Ruschi dedicou-se à construção de um prédio que acomodasse a biblioteca, a administração e os laboratórios do Museu.  Mas, apenas na década seguinte conseguiu inaugurar o edifício “de dois pavimentos, em laje de concreto, revestida de mármore branco, com 18 m comprimento, por 18 de largura e 8 de altura, com sanitário e banheiro, parede em vidro U na frente da parte assobradada, porta de cristal, assoalho de guabiru amarelo em friso, parte térrea com todas as paredes em azulejos brancos” (ofício endereçado a Genésio de Albuquerque M. Pereira, Gerente de Material e Serviços da Fundação Nacional Pró-Memória, em 06 de novembro de 1984).

Aos 23 dias de outubro de 1975 era finalmente inaugurada a Biblioteca “Fernando E. Lee”, assim batizada em homenagem ao amigo paulista, de descendência norte- americana, Fernando Edward Lee (1903-1994), engenheiro mecânico formado pela Universidade de Lafayette de Easton, Pensilvânia/EUA, membro por 25 anos do Conselho Fiscal da Companhia Antárctica Paulista, primeiro vice-presidente do Conselho Consultivo da Volkswagen do Brasil S. A., presidente do Conselho da Robert Bosch do Brasil Ltda., representante no Brasil da National Steel Corporation, membro do Conselho da Fundação Brasil-Estados Unidos, e um dos principais doadores do Museu Mello Leitão.

A Biblioteca conta com um acervo de aproximadamente 3.994 títulos de obras, 565 títulos analíticos e 1.187 títulos periódicos, juntamente com 25.319 exemplares, ambos voltados, principalmente, para a área de Ciências Biológicas.

CASA DE HÓSPEDES

No final da década de 1950, mais uma obra foi feita no parque do Museu. Dessa vez, a instituição ganhou uma “casa de hóspedes-cientistas”, medindo 12,50 x 12,50 m, feita de alvenaria, tijolos, coberta de telhas, com garagem externa, sala, cozinha, dois quartos, armários embutidos, varanda, forro em madeira de lei, assoalho em peroba.

Inaugurada em 1958, a Casa de Hóspedes “Casal Crawford Greenewalt” foi um presente do engenheiro químico norte-americano Crawford H. Greenewalt, ornitólogo amador, presidente da gigante química Du Pont entre 1946 e 1961, além de “membro do Conselho de Segurança Nacional dos USA […] um grande conservacionista e amante fervoroso da Natureza” (carta de A. Ruschi a Paulo A. Berutti, presidente do IBDF, de 26 de junho de 1974).

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