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Notícia

Lista de espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção no ES está sendo revisada

São mais de 200 mil dados analisados em todo o Estado que é o segundo do Brasil a atualizar a lista. Imagine saber que espécies de macacos estão ameaçados de extinção após o surto de febre amarela? Ou ter uma mínima noção de quais espécies de peixes e outros seres vivos sobreviveram à tragédia de […]

24 de novembro de 2018

    São mais de 200 mil dados analisados em todo o Estado que é o segundo do Brasil a atualizar a lista.

    Imagine saber que espécies de macacos estão ameaçados de extinção após o surto de febre amarela? Ou ter uma mínima noção de quais espécies de peixes e outros seres vivos sobreviveram à tragédia de lama do Rio Doce? E ainda identificar o tipo de vegetação, de solo e que tipo de fauna e flora existe na localidade onde será construído uma indústria, por exemplo?

    Um trabalho minucioso feito por cientistas e pesquisadores do Instituto Nacional da Mata Atlântica (INMA) em Santa Teresa-ES e de outras instituições brasileiras pode chegar perto destas respostas.

    O Projeto “Revisão da Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção no Espírito Santo” é uma das principais ferramentas para avaliação da biodiversidade no Estado e está coletando dados de plantas e animais baseados em acervos biológicos existentes em uma determinada região e no conhecimento dos impactos a que as espécies estejam submetidas.

    A última lista foi coletada em 2005 e tem pouca informação disponível digitalmente, como explica o coordenador da Projeto e dr. em biologia vegetal, Cláudio Nicoletti Fraga.

    Essa listagem representa um documento político para tomadas de decisões baseadas em conhecimento científico sobre a biodiversidade e há 13 anos não era atualizada. Agora estamos digitalizando esse processo e coletando novas informações que também serão disponibilizadas em um livro físico. Afinal, nesse tempo, várias mudanças climáticas e de ordem biológica foram impactadas”, explicou Cláudio, citando impactos recentes como o rompimento da barragem de rejeitos de mineração de Mariana (MG) que atingiu o Rio Doce e a febre amarela silvestre que atingiu populações de diversas espécies de primatas.

    É urgente que a lista de fauna e flora ameaçada de extinção no Espírito Santo seja revista. Trabalhar as informações de ocorrência das espécies com as realidades biológicas e antrópicas do Estado nos possibilita avaliar os impactos em um mapeamento atualizado”, avaliou.

    De acordo com a técnica em compilação de dados da fauna, Juliana Paulo da Silva, existem mais de 500 mil dados coletados, no entanto “somente” 200 mil serão aproveitados.

    Foram definidos vários grupos de conhecimento nas mais variadas especialidades: anfíbios, répteis, invertebrados, briófitas, peixes etc. São 79 pessoas pesquisando mamíferos, por exemplo. São vários critérios a serem adotados e a tecnologia tem sido uma grande aliada nessa pesquisa. Algumas espécies estão sendo estudadas pela primeira vez”, detalhou a pesquisadora do INMA.

    Após o trabalho de coleta mais de 700 pesquisadores de todo o mundo e de diferentes grupos taxonômicos e especialidades farão uma avaliação de risco das espécies candidatas de forma virtual e validarão os graus de ameaça para todas as espécies que foram incluídas na consulta ampla, gerando uma base de dados robusta sobre a ocorrência de espécies ameaçadas no Espírito Santo, que é o segundo estado do país a revisar essa lista.

    O projeto é uma parceria do INMA com o Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) e com a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação no Espírito Santo (Fapes).

    Também participam da pesquisa o Instituto de Pesquisa Jardim Botânico (RJ), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), Universidade Vila Velha (UVV-ES) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS-BA).

    Instituto Nacional da Mata Atlântica

    O INMA foi criado em 5 de fevereiro de 2014 pela Lei 12.954, que transferiu o antigo Museu de Biologia Prof. Mello Leitão da estrutura do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM) para a estrutura do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

    O Instituto realiza pesquisas, promove a inovação científica, forma recursos humanos, conserva acervos e dissemina conhecimento nas suas áreas de atuação relacionadas à Mata Atlântica propiciando ações para a conservação da biodiversidade e a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

    O Museu Mello Leitão, que foi implementado pelo cientista Augusto Ruschi em 1949, completará 70 anos em 2019 e está vinculado ao Instituto. Para comemorar o aniversário os setores de pesquisa em zoologia, botânica, biblioteca, divulgação científica e o projeto espécies ameaçadas estão preparando vários eventos científicos culturais para o próximo ano.

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